Formação de Professores Para Atuar Na Área de Altas Habilidades/Superdotação
Eliane Dutra Fernandes
As práticas voltadas ao aluno com AH/SD trazem a clareza de que esse aluno necessita de experiências diversificadas que venham contribuir para o desenvolvimento do seu potencial. Essa questão nos chama a atenção, uma vez que esses alunos necessitam na realidade de ajuda, para que esse desenvolvimento de fato aconteça.
Dentre as várias experiências de aprendizagem, citamos a do “enriquecimento curricular, que permite ao aluno completar em menor tempo um determinado conteúdo”, ocorrendo a oportunidade de acréscimo de outros conteúdos mais abrangentes, que vão preenchendo a necessidade do aluno no espaço de tempo deixado pelo estudo concretizado do conteúdo anterior, a investigação de forma mais ampla, os tópicos que estão sendo cursados ou o desenvolvimento em determinadas áreas específicas de conhecimento de projetos originais.
No texto de Veloso, é falado que Pérez, Rodriguez e Fernandez (1998) acreditam que para atender a diversidade de habilidades, interesses e estilos, esse sistema é o que oferece mais alternativas, isto porque pode ser organizado de acordo com a especificidade de cada caso, e é o que demanda mais investimento, tanto na área financeira, como no da formação de professores especializados e de disponibilidade de materiais.
São muitos os benefícios a esses alunos, nas duas formas que esse sistema de enriquecimento pode assumir. O enriquecimento do conteúdos curriculares, do contexto de aprendizagem e o de enriquecimento extracurriculares. O primeiro envolve adaptações curriculares, ampliações curriculares, tutorias e monitorias.
Em Veloso, achamos que para Freeman e Guenther (2000) as atividades de enriquecimento “não são uma dieta suplementar de aprendizagem”. A proposta é a de tornar o processo educativo o mais individualizado possível. Essas são as chamadas adaptações significativas, as adaptações não significativas são alterações mais focalizadas e menos abrangentes.
Para se fazer a ampliação existem duas possibilidades: a ampliação de forma vertical, que se restringe a uma área específica, e a ampliação horizontal que envolve duas disciplinas integradas em um projeto.
Uma outra forma é o do enriquecimento do contexto de aprendizagem. Nele encontramos a opção que pode ser dada ao aluno, como diversificação do currículo, com os contextos enriquecimento e o contexto enriquecimento combinado com agrupamentos flexíveis..
O Modelo de Enriquecimento Escolar de Joseph Renzulli, mostra todas essas possibilidades e com maestria do autor apresenta atividades que dão oportunidades a esses alunos de desenvolverem seus talentos. Por ser um modelo amplo, ele oportuniza ao educador conhecer caminhos importantes para implantar o programa, visando ao atendimento de forma satisfatória onde a estimulação e o desenvolvimento de habilidades provocam a produção de conhecimentos.. Em Veloso ela fala que este modelo propõe o desenvolvimento de três tipos de atividades: experiências exploratórias, atividades de aprendizagem e projetos individuais ou em grupo. Este modelo pode ser implementado nas escolas sem contudo necessitar de muitas mudanças na sua estrutura .
Vamos encontrar também, em documento emanado do Ministério da Educação, que alunos com AH/SD devem cursar, como os demais alunos, a escola regular comum, nos diferentes níveis de escolaridade. Fora os atendimentos na classe regular comum, esses alunos podem ser atendidos nas salas de recursos e por meio do ensino itinerante.
O conceito de alunos com AH/SD, dado pelo estudioso e pesquisador Joseph Renzulli, aparece com muita força para a identificação desse aluno. Ele faz referência a três grupos básicos de traços mais freqüentes nessas pessoas, que são: capacidade acima da média, envolvimento/empenho com a tarefa e elevados níveis de criatividade.
Para identificação desse aluno, consideramos também como informações os tipos de altas habilidades, adotados pelo Ministério de Educação ( MEC), com manifestações de potencialidades que podem ser combinados entre si, tipo talento e tipo psicomotor.
Ao se pensar no planejamento para identificação de aluno com AH/SD, é essencial o conhecimento do aluno. Selecionamos e relacionamos alguns pontos que consideramos importantes: organização de grupos de alunos, estudos de cada um, utilização de estratégias investigativas, observação do aluno quanto ao seu desenvolvimento em todos os níveis etc.
Votando-se para aprendizagem teremos outros pontos a observar nesse aluno, a exemplo de: vocabulário, conhecimentos pelo aluno de algo mais específico, memória. Outras questões são vistas: criatividade, interesse, comportamento, persistência e aspectos emocionais sociais e de personalidade.
Fazemos aqui uma referência a Gardner, com a sua teoria das Inteligências Múltiplas. Esta teoria vem propor a inteligência como habilidades que permitem ao individuo resolver problemas ou criar produtos que são importantes em determinado ambiente cultural ou comunidade. Nos seus estudos, Gardner propõe oito inteligências diferentes que ele descreve no seu trabalho e que aqui ressaltamos como uma teoria que veio contribuir em conceitos novos a respeito da identificação do aluno com AH/SD.
As concepções e os novos paradigmas sobre Educação em fase na inclusão vem a partir da “Conferência Mundial Sobre Educação para Todos” em Jomtien, na Tailândia, seguindo em 1994 para a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, em Salamanca na Espanha. Esta declaração, busca abranger ao máximo, todas as pessoas excluídas da escola, inclusive faz referencia ao superdotado, não como superdotado mas como “bem dotado”. Politicamente e Constitucionalmente o país avançou, o que é reafirmado quando define como modalidade de educação escolar a Educação Especial, “oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades Especiais” (Brasil, 1996, in Veloso).
Verifica-se documentos normativos e legais, que amparam o aluno com AH/SD, tais como, Documentos Orientadores do MEC, dos Conselhos de Educação, dos legislativos, ou seja a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Nº 9394/96, a nossa maior Lei, a Carta Magna - a Constituição, a lei 8069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Resolução Nº 02/2001, que institui as Diretrizes Nacionais de Educação Básica para a Educação Especial, uma espécie de instruções sobre os aspectos a serem considerados durante o processo de inclusão.
Como vemos, os encontros, seminários, debates, os movimentos dos Conselhos dos pais de alunos com AH/SD, as parcerias, enfim tudo são destaques neste contexto que vivenciamos. É uma luta de todos e um reforço às propostas de Políticas Públicas do país.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 10ª ed Petrópolis –RJ. Vozes 1998
CHAGAS, Jane Farias et al. A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com altas habilidades/Superdotação. Modelo de Enriquecimento Escolar. MEC- Volume II – Brasília 2007
SERIQUE, Luiz Antonio Almeida. Os Direitos Do Superdotado, Assegurado pela Lei De Diretrizes e Bases De Educação Nº 9394/96 CEFEt- PA
VELOSO, Márcia Maria Xavier . Disciplina Formação de Professores. CEFET- PA